No início eu bem que tentei falar português, mas…

No início você até conseguia falar português com seu filho e manter uma certa constância, até que ele começou a ir para a escola e ter menos tempo com você. Além disso, a escola é em outro idioma. A maioria das pessoas falam esse idioma e seu marido também não fala português. Então, dentro de casa vocês dividem o tempo de interação com seu filho em dois idiomas, mas mesmo assim você ainda conseguia priorizar o português quando veio o segundo filho e eles começam a interagir entre si na língua da maioria. Depois vocês se mudam para outro país e fica cada vez mais difícil continuar falando português com eles.

Transmitir a língua de herança sendo uma família bicultural em alta mobilidade, mudando para países com idiomas diferentes e o filho estudando em outro pode ser bem desafiador.

Manter uma língua minoritária quando se é a única fonte de exposição para o seu filho exige constância e intencionalidade. Além disso, você já parou para pensar que em meio a tantas mudanças a língua de herança pode ser um ‘lugar’ de estabilidade e segurança? Pense comigo, a língua de herança pode ser uma das poucas coisas da vida da criança que a acompanha por onde for e que pode dar um senso de constância para ela.

Ainda que o cônjuge não fale o mesmo idioma, ele/a pode apoiar a presença da língua em casa apoiando o seu uso em casa e demonstrando uma atitude positiva em relação à língua do outro.

Essa atitude será passada para o filho que estará mais aberto para falar português. Dividir o português em casa com outro idioma pode diminuir o tempo de exposição do seu filho à língua, mas vale a pena investir mesmo que seja por alguns minutos diariamente. Assim é possível criar vínculos e memórias afetivas na língua de herança.

Como está a língua de herança na sua casa? Ela divide espaço com quais línguas?

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